Presença.

Presença…

…Presença?

PRESENÇA!!

O que essa palavra te remete?

Como essa palavra te afeta?

Quais imagens, sons, sabores, lhe vem a mente?

O que podemos dizer a respeito de presença?

O que é “estar presente”?

Quando foi a última vez em que você esteve P-R-E-S-E-N-T-E?

Presença é de comer, beber ou cheirar?

É de ser ou estar?

Sentir ou doar?

Presença, presentear, presentificar.

Estado de presença.

Estado de "despresença".

Presença que penetra, afeta, incomoda.

Presença que mexe, remexe, silencia.

Presença de um corpo dilatado, quente, arrepiado.

Todavia nâo presente,

"Despresenteia" o presenteado,

Iludido, amargurado.

O meio ser, meio não ser.

Meio lá, meio cá.

Uma ofensa, um descaso.

Presença sim,

Ai de mim!

PRESENÇA!

 From: Pinterest

Por Thaisa Martins

"O estranho é o outro?"

"O que nos é familiar pode parecer subitamente estranho. Nosso próprio corpo não pára de nos surpreender. Para mim, a experiência da alteridade começa em nós mesmos porque ela também é a descoberta de uma estranheza radical.

Meu corpo é habitado por outros corpos, ele é heterônimo. Sua aparente unidade se divide, pois sou sempre suscetível de me ver de uma maneira que não sou. E o olhar dos outros me incita a ver-me de modo diferente. Esse fenômeno de cissiparidade pode provocar distúrbios psíquicos, mas persiste como uma riqueza misteriosa do corpo.

A monstruosidade, a abjeção que os artistas e os escritores põem em cena nos revelam o quanto nosso corpo é capaz de exprimir o pior, segundo uma aparência puramente estética. Eles não mostram somente o outro de nós mesmos que não queremos ver mas sobretudo a aventura psíquica e orgânica do "corpo desmembrado". Tirando sua força de expressão do que é disforme, a arte dá forma à estranheza, mesmo a mais monstruosa, do corpo." Entrevista Henry-Pierre Jeudy

Estranhos corpos em 2018

Em agosto de 2017 tivemos um mês dedicado a uma residência artística a fim de selecionar novos alunos/bolsistas/pesquisadores para o projeto, novos estranhos...

Após esse período, renovados, demos início aos nossos encontros movidos por perguntas, textos, aulas e experimentações que nos aproximasse do corpo estranho.

Primeiras perguntas 

O que você entende por estranho? e por corpo estranho?

Você se considera estranho? Porque?

Algo em seu corpo ou seu comportamento te leva a se reconhecer como estranho?

Alguém já te chamou de estranho ou chamou como tal algo que você tenha feito/dito?

O que te chama atenção no seu corpo? E no outro?

O primeiro texto proposto foi O Breviário sobre o corpo da Lygia Clark: cada um recebeu um trecho do texto para digerir/estimular seu processo de investigação inicial. O texto traz muitas imagens e ressalta ações a partir de partes específicas do corpo. Começaram, assim, a experimentar/pesquisar movimentos e foram trazendo tanto informações corporais como informações orais e imagéticas vindas das perguntas, do texto e de suas inquietações.

(continua...)

Vida, Estranha vida

 A vida é cheia de caminhos,

             Caminhos que vão se apresentando,
                       Que vão se abrindo como os galhos de uma imensa arvore,
                                Que estranho seria se não fossem esses caminhos,

                                             Tortos, bifurcados, entrelaçados, partidos, rápidos, sem fim...

Estranheza essa que, sem ela, perderíamos o sentido de ser,

               Que define quem somos, numa junção de diversos desses caminhos seguidos,

                              O estranho que na verdade não o é, que pertence e apropria,

                                       Que dá voz, que tira o ar dos pulmões, que vicia, que preenche,

                                                  Estranha vida desses caminhos estranhos.

Foto por Thaisa Martins

Registro do ultimo encontro do ano de 2017.

Chegada de novos estranhos, outras partilhas.

Sequencia de movimento criada por Aline Teixeira -

Abrindo e fechando ciclos

Nessa última terça feira, a primeira do mês de agosto, o Projeto Corpo Estranho apresentou o duo Raízes. Trecho do espetáculo Inacabamentos e Continuidades com direção de Aline Teixeira (que vos fala), interpretação e criação de David Abreu e Raquel Santorsula.

Um fechamento de ciclo para David, que já tendo defendido seu TCC brilhantemente, partirá para vôos mais altos. Do THE ao TCC, um feliz encontro de estranhos cancerianos. Tive o prazer de acompanhar a transformação de um aluno em um artista incrível, que entrou na graduação se equilibrando em um chão instável e sai agora pisando firme e forte. David é um exemplo de aluno que realmente fez o curso, que se dedicou a cada disciplina, que se debruçou nos estudos, que se demorou em análises, que acordou suas percepções e aguçou a escuta, de si e do outro.

Como coordenadora, acredito que os projetos de pesquisa na universidade são espaços transitórios de suma importância. Complementam a formação e possibilitam que seus integrantes possam aprofundar determinados temas, permite um demorar-se que não encontra tempo nas disciplinas além de possibilitar encontros de almas que transbordam os muros da universidade e ultrapassam a relação professor-aluno.

Eu tenho muita sorte!!!

Ensaio do duo Raízes com David Abreu e Raquel Santorsula
Fotografia:  Aline Teixeira

Espetáculo Inacabamentos e Continuidades no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro

Nos dias 15, 16 e 17 de abril de 2016 ocupamos o Teatro Angel Vianna no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro com o espetáculo Inacabamentos e Continuidades.

Ficha Técnica

Direção e Coreografia: Aline Teixeira

Assistente de Direção: Lara Seidler

Intérpretes-pesquisadores: David Abreu, Fábio Costta, Isabela Vizzon, Jefferson Maciel, Jessica Queiroz, Luisa Libório, Raquel Santorsula, Tamara Catharino.

Cenário/Figurino/Iluminação: Vanessa Alves

Confecção de figurino: Maria Helena Penalva e Daniele Gabriel

Trilha Sonora: Mikromakro2 - Alva Noto, Uniform – Alva Noto, SOTM – Teebs.

Edição de som: Wagner Cria

Produção: Jéssica Ramos

Programação Visual: David Abreu

Fotografia: Ro Câmara

Fotografia Espetáculo: Derick Abreu